O governo de Ernesto Geisel (1974–1979), o penúltimo da ditadura militar brasileira, foi marcado por importantes transições e mudanças que moldaram o processo de abertura política e enfrentaram os desafios econômicos da época.
Características principais
Abertura Política “Lenta, Segura e Gradual”
- Geisel deu início ao processo de redemocratização, conhecido como abertura política.
- Implementou medidas para reduzir o autoritarismo do regime, mas de forma controlada, para evitar o colapso do sistema.
- Extinção do AI-5 (1978), o instrumento mais repressivo do regime, sinalizando o início do fim das medidas de exceção.
Consolidação do Bipartidarismo
- Durante seu governo, o sistema bipartidário (Arena e MDB) continuou em vigor, mas o MDB começou a se fortalecer como oposição.
Política Econômica
- Geisel assumiu no contexto do final do milagre econômico brasileiro (crescimento acelerado dos anos 1970).
- A crise do petróleo de 1973 e o aumento da dívida externa afetaram a economia brasileira.
- O governo adotou a política de substituição de importações, incentivando indústrias nacionais, especialmente no setor de energia e infraestrutura.
- Lançou o II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), que foi um conjunto de políticas e metas implementado entre 1975 e 1979 para enfrentar os desafios impostos pela crise econômica global, focado em projetos estratégicos, como energia nuclear e siderurgia.
Política de Energia
- Geisel investiu fortemente no setor energético, buscando reduzir a dependência de petróleo estrangeiro.
- Incentivou o programa nuclear brasileiro, firmando acordos com a Alemanha Ocidental.
- Expansão da produção de energia hidrelétrica, como a construção de Itaipu, uma das maiores usinas do mundo.
Repressão e Controle
- Apesar do início da abertura, o governo ainda utilizou a repressão contra opositores, mantendo a censura e órgãos como o DOI-CODI.
- Houve episódios emblemáticos de repressão, como o assassinato do jornalista Vladimir Herzog (1975) e do operário Manuel Fiel Filho (1976), que geraram forte repercussão nacional e internacional.
Crise do Regime Militar
- Durante o governo Geisel, começaram a surgir divisões entre os militares. A ala “linha-dura” criticava as medidas de abertura, enquanto os moderados apoiavam o processo.
- Geisel enfrentou dificuldades para controlar a repressão promovida por setores radicais do regime.
Sucessão Presidencial
- Geisel escolheu o general João Batista Figueiredo como seu sucessor, dando continuidade ao processo de abertura política e garantindo a transição controlada.
O governo de Ernesto Geisel foi um período de transição em que o regime militar começou a perder força, mas sem abdicar do controle autoritário. Ele pavimentou o caminho para a redemocratização que se consolidaria na década seguinte.